terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Exercício da interdisciplinaridade: A postura do professor


"O Professor é o profissional da reconstrução do conhecimento tendo como prática educativa a pesquisa. O professor já não é mais o indivíduo habilitado apenas em dar aulas, pois ministrar aulas não representa mais tática fundamental de aprendizagem. O educador atualizado é aquele que não só executa com competência sua profissão, mas que corre em busca de renovação. Nós educadores sabemos que os nossos conhecimentos são enriquecidos, partindo do que já conhecemos. A tarefa fundamental é, portanto socializar conhecimento, disseminando informações e culturas, não só transmitindo, mas reconstruindo. A aprendizagem é sempre acontecimento de reconstrução social e política, e não é só reprodutivista, pois temos o compromisso de fazer o aluno aprender através do conhecimento e da prática.
A melhor maneira de fazer com que isso aconteça é através da interdisciplinaridade, que deve ir além da simples justaposição de disciplinas, ao interagimos em busca de objetivos comuns. Devemos através do trabalho pedagógico arrolar as disciplinas em atividades ou projetos de estudo, projetos de pesquisa e ação. A interdisciplinaridade poderá ser uma prática pedagógica e didática eficaz ao cultivarmos um diálogo constante de questionamento, de aprovação, de indeferimento, de acréscimo, e de transparência de percalços não apontados. Na interdisciplinaridade os alunos aprendem a visão do mesmo objeto sob prismas distintos.
A prática da interdisciplinaridade possui uma linha de trabalho integradora que pode agregar um objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Quando problematizamos uma situação, o problema causador do projeto, pode ser uma experiência, um desencadeamento de ação para interferir na realidade. Devemos nos conscientizar que o projeto é interdisciplinar em sua compreensão, cumprimento e avaliação.
A interdisciplinaridade envolve a contextualização do conhecimento, que mantém uma relação fundamental entre o sujeito que aprende e o componente a ser aprendido, evocando fatos da vida pessoal, social e cultural, principalmente o trabalho e a cidadania. Quando os alunos participam da tomada de decisão a respeito de um tema ou de um projeto, é possível que constituam relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos que já possuem, conseguindo aprendizagens mais significativas,comparando, criticando, sugerindo ajustes, novas relações e organizações, abrindo portas para a interferência em uma realidade, desencadeamento novas ações e, construindo um compromisso com uma cidadania ativa.
Na verdade, a nossa prática pedagógica tradicional levou-nos a tratar os acontecimentos da realidade social de forma fragmentada e desvinculada das experiências significativas do educando, não dando o real valor aos contextos culturais, sociais, políticos econômicos e pessoais. Há necessidade de se trabalhar a abordagem contextualizada fundamentada no ponto de vista globalizador, buscando a operacionalização através do aprendizado da interdisciplinaridade. Ao adotarmos o exercício interdisciplinar na escola, envolvemos todos os educadores de diferentes formações e conseguimos envolver os temas transversais às disciplinas. Só assim professores e alunos compartilham o aprendizado e constroem juntos o conhecimento."

Ref: PERRENOUD, Construir competências desde a escola.
Autora: Amelia Hamze
Educadora
Profª UNIFEB/CETEC e FISO - Barretos
Colunista Brasil Escola

Vamos pensar!
1. Segundo a educadora Amelia Hamze, a melhor maneira dos alunos aprenderem com conhecimento e prática seria os professores utilizando a interdisciplinaridade. Se é tão eficaz assim por que tanta resistência em fazer uso dessa prática?
 2. Quais devem ser as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores que possuem uma postura interdisciplinar?

sábado, 11 de dezembro de 2010

Por que a escola deve ser interdisciplinar?


"A proposta de currículo interdisciplinar justifica-se a partir de razões históricas, filosóficas, socio-políticas e ideológicas, acrescidas das razões psicopedagógicas.
Historicamente, temos de considerar que vivemos hoje a era da informática, com suas contradições, seus paradoxos. Como já afirmava Heráclito, o filósofo grego pré-socrático, "no mundo tudo flui, tudo se transforma, pois a essência da vida é a mutabilidade, e não a permanência". Assim, aquela escola, que era boa para o momento da revolução industrial, já não atende às necessidades do homem do final do século XX.
Nossa era é a da pós-modernidade (ou neomodernidade, como querem alguns autores), em que à lógica formal, clássica, normativa e maniqueísta (bivalente), impõe-se a lógica dialética, fundamentada na noção de contradição, dialógica.
Paralelamente, a luta pela igualdade de direitos, pela supremacia da liberdade, pelo resgate da democracia e a revisão de conceitos de poder deram novo sentido à noção de cidadania, de coletividade, de valores cívicos.
Dentre as razões que temos para buscar uma transformação curricular, passa também uma razão política muito forte: hoje vivemos uma democracia, e queremos formar pessoas criativas, questionadoras, críticas, comprometidas com as mudanças e não com a reprodução de modelos.
Questões histórico-filosóficas e sociopolítica-ideológicas vêm exigindo, há muito tempo, uma total revisão na instituição escolar.
Mais recentemente, com a divulgação dos trabalhos teóricos sobre a psicologia genética e sua aplicação ao campo da pedagogia, tornou-se imperiosa essa necessidade de mudanças na estrutura escolar, visando, sobretudo, ao resgate da inteireza do ser humano e da unidade do conhecimento.
A rapidez das mudanças em todos os setores da sociedade atual (científico, cultural, tecnológico ou político-econômico), o acúmulo de conhecimentos, as novas exigências do mercado de trabalho, sobretudo no campo da pesquisa, da gerência e da produção, têm provocado uma revisão didático-pedagógica do processo de educação escolar.
Surge, assim, uma nova concepção de ensino e de currículo, baseada na interdependência entre os diversos campos de conhecimento, superando-se o modelo fragmentado e compartimentado de estrutura curricular fundamentada no isolamento dos conteúdos.
Temos de considerar ainda as razões psicopedagógicas que nos levam a propor um currículo interdisciplinar, e que estão relacionadas com os conhecimentos já adquiridos sobre o funcionamento do cérebro humano e os processos de conhecimento e de aprendizagem. Os avanços significativos da Psicologia Genética nos permitem hoje conceituar, com Piaget, inteligência como a capacidade de estabelecer relações; confrontar, com Vygotski, o desenvolvimento de conceitos espontâneos e científicos; admitir com Gardner, a idéia de inteligência múltipla, o que implica uma série de competências a serem desenvolvidas pela escola: competência lingüística, lógico-matemática, espacial, cinestésica, musical, pictórica, intrapessoal e interpessoal.
Ora, todos esses avanços exigem um repensar do currículo escolar, baseado na rede de relações, eliminando-se os "redutos disciplinares" em prol de uma proposta interdisciplinar. Um currículo escolar atualizado não pode ignorar o modo de funcionamento da mente humana, as necessidades da aprendizagem e as novas tecnologias informáticas diretamente associadas à concepção de inteligência . É preciso, hoje, pensar o conhecimento (e o currículo) como uma ampla rede de significações, e a escola como lugar não apenas de transmissão do saber, mas também de sua construção coletiva.
Eis, pois, a grande razão para termos um currículo interdisciplinar: é preciso resgatar a inteireza do ser e do saber, e o trabalho em parceria."

 Artigo: Interdisciplinaridade Um novo paradigma curricular
 Rosa Maria Calaes de Andrade

  Podemos perceber, que Rosa Maria defende muito bem a importância de se trabalhar a interdisciplinaridade no ambiente escolar. O contexto histórico e os argumentos apontados nos deixa capaz de compreender claramente sua explicação. A partir disso, lanço dois questionamentos:
1º - Pensando que existe um costume historicamente comprovado, que a escola sempre acolheu a postura disciplinar, é algo realmente possível unir o conceito disciplinar ao conceito interdisciplinar em sala de aula nos dias de hoje?
2º - Essa postura interdisciplinar para ter eficácia em sua aplicação em sala de aula, é suficiente sendo apenas por parte do professor ou o trabalho deve existir a partir de uma parceria? Justifique

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Como conceituar Interdisciplinaridade?


Segundo Ivani Fazenda 1993, o termo interdisciplinaridade não possui ainda um sentido único e estável. Trata-se de um neologismo cuja significação nem sempre é a mesma e cujo papel nem sempre é compreendido da mesma forma.
Embora as distinções terminológicas sejam inúmeras, o princípio delas é sempre o mesmo:

A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das 
trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das 
disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa.
 H. Japiassú, Interdisciplinaridade e Patologia do Saber, p.74.